quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Madrugada 2

Amanhã é minha folga, logo, hoje não durmo. O sono até vem, mas espanto, quero que dure mais tempo.
Folga no meio da semana é quase uma sacanagem.

Aqui no Iglu ta bom pra caralho, tem defeitos e gosto deles, tenho me acostumado, driblado, suado,  rebolado... sim.

Pintei as unhas de vermelho, estão um escândalo de lindas.
Não estou saindo.
Diz a lenda que uma amiga ligará amanhã para uma tarde de cerveja e brisa, vamos ver...

O trabalho esta uma delícia... te irritam minhas boas notícias? Mas tá tão gostosinho lá.
Ainda estudando, é difícil impor ritmo. To naquela fase devagar e sempre.

Ando cada vez mais antissocial, hoje mesmo um amigo me lembrou disso.
A verdade é que não são apenas os "poucos e bons", são principalmente os que eu tenho a sorte de ter mais tempo ao lado, aqueles que sou obrigada a conhecer, aqueles que tenho a chance de conhecer. A turma admitida comigo, que ficou um mês em sala de aula antes de começar no trabalho, aqueles  que trabalharam dois anos na antiga empresa, as amigas de colégio... e algumas comissárias pra contar as histórias mais loucas. Se eu não tivesse tido que ficar ao lado deles, não seríamos amigos, certamente eu não conseguiria.

Até tem umas coisas foda acontecendo, sempre tem, mas não vou falar, você não é meu analista.

Ops! Criança acordando! Hora de escapar pra cozinha.








sábado, 4 de outubro de 2014

Madrugada

É tudo assim tão descuidado, não é nada pensado e tampouco explorado, é um impulso fechado, focado em si mesmo, ensimesmado.
É aquela hora de esboço, uma coisa sem gosto, um ímpeto assim.
E vai chegando acanhado, após vinho e platinado, na madrugada, no frio.

Ele vem acompanhado, vem com força, vem carregado de coragem e brio.
E na frieza do branco, sobre a tela o espanto, uma luz tom febril.
Vai na clareza do tempo, que hoje vive presente, sem olhar para os lados,
vai sabendo que errante, deixou de ser vibrante, para ser só mais um.

Então foca de frente, namora as palavras, saboreia o teclado, e molha a buceta,
mas, não fala nada.
É efeito do tempo, da loucura da vida, do passar das horas e do som da TV.
Frustrada ela volta, pro sofá aquecido e espera passar.
Bebe mais vinho e acende mais um, aproveita que é noite, e a noite é só sua, tira uma selfie pra lua.



     

     

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Boca

Entrei no Iglu.
Por que eu entro a hora que quero.

Das alternativas, uma... é o cacete!

Tem dia que de noite é diferente, e tem noite que de dia é diferente, mas tem noite que de dia é tudo igual, e tem dia que de noite é tudo igual.

"Simples assim..."

"SQN"

Verdades de boteco.

Quando tem boteco.

Verdades de uma sala, que adora pensar amarelo.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Piscando

    Sai espevitada, a periquita piscando, cabelo molhado, maquiagem suave e mente vagante, mas não errante. Passa por todos, olha alguns, recebe olhadas e reconhecimento. Foge do reconhecimento do estranho na rua, sabe ficar invisível, mas dá trabalho demais, muita concentração que agora não tem.

   A cantada que mais gosta é aquela que não é dita, e como está piscando, recebe algumas delas. Eles sentem, acabou o sangue, chegou o cio. A calça jeans apertada, a xana um pouco molhada, um cheirinho doce exalando apenas para ávidos amantes da raça, eles sentem sem nem saber o quê. Ela gosta por isso mesmo, sabe que eles não sabem.

    Chega ao trabalho, vai ao banheiro antes de começar, passa a mão com carinho, sente o viscoso nos dedos, prazer de ser fêmea. Chupa o dedo e vai.
    No corredor é sensação, pisca pra um ou outro, fala um oi, dá um beijo aqui e ali e senta. Já sentada sente os pescoços se virando pra olhar, pra conferir, adora e molha.

    Ama os homens, curte as mulheres, e acha todo mundo lindo, principalmente quando está afim.
    Fica facinha, aquela coisinha assim assim.

    Segura a peteca, recolhe a gaiola e fecha a bíblia! Tá todo mundo vendo moça!
    Você é daquelas que não usam calcinha embaixo da saia longa, só pra ficar sentindo tesão o tempo todo, sentada de pernas abertas, o tecido da saia te tocando sem ninguém perceber.
    Eita moça, não faz isso não, o povo não sabe, mas percebe. Eita moça sem noção!






 

sábado, 19 de abril de 2014

Ressaca boa

   Ela acordou com a cabeça estourando, enjoo e uma certa vergonha. Rock'n roll na noite passada, xingou o cara do baixo achando que ele estava tocando guitarra, e muito mal por sinal, só pra lá da metade do show viu o guitarrista meio escondido, mas aí já era tarde. De qualquer maneira o baterista e o vocal davam um show a parte, então entrou nas veias, bateu cabeça até o final, gritou e riu muito.

   O cara que estava ao lado nesta manhã é o mesmo de sempre, estava com ela na balada, coisa rara e apreciada a exaustão. Conseguiu um beijo roubado e mal dado, conseguiu um colo duro e contrariado, quem risse das velhas histórias e casos contados, dividisse as despesas e a delícia de sair para enlouquecer.

_Te dou dez reais se você pegar uma água e um Dorflex _ disse pra ele.
Ele foi, não cobrou nada. Comprou o pão para que tomassem café, ela tomou um banho e vomitou depois, tentou ser discreta pra ele não perceber nada.
Tomaram café e riram da noite passada, ele estava lindo logo cedo, e disposto saiu se exercitando ao sol.
Quando voltou, ela derretia de prazer e manha, sorriso no rosto e cabelos brilhantes. Ele olhava encantado, ela correu pra se fazer bonita e boa, ele dormiu acalmado.
Na cama desfeita os indícios do amor em fogo, do resultado do jogo, do colo cedido, do beijo contido.

Agora ela está lá, se segura pra não acordá-lo nua, se roçando nele todo, pedindo pra não deixar nunca mais acabar.




segunda-feira, 31 de março de 2014

Segunda-feira

A chuva passou, o emprego acabou, o marido brigou, o filho chorou, a mulher menstruou e a espinha estourou.

Daí...

O sol raiou, um novo emprego incrível surgiu, o marido gozou, o filho sorriu, a mulher remou e a pele está ótima!

Muita coisa pra contar, mas espero mais um pouco, quero ter mais e mais, quero inspiração pra fazê-los delirar, quero passar pelas tais provas cruciais, tirar muito dez e voltar pra contar tudo!

No momento vivendo, lutando, remando e gozando, é claro.
A vida é ótima, o pássaros voam lindamente e no rio manso até as capivaras são belas.
Sinto o remo tocar a água, suave e macio, respiro o ar de mais uma manhã que pode ser gelada ou quente, tanto faz, o que importa é ver o sol nascer sempre lindo, é perceber que todas as lições foram aprendidas, e que depois de cada nova prova vem uma bela recompensa.

Emprego novo, estudando inglês feito uma louca e definitivamente aprendendo a remar.

Tesão pela vida, pelos filhos maravilhosos, pelo marido difícil e delicioso, pelos cabelos encaracolados, pelo corpo esguio, solidário e forte, pela família presente e alegre, pelos amigos poucos e sempre, pelos desconhecidos que são fãs, tesão por estar na estrada e nunca desistir de caminhar.

Novamente com as unhas vermelhas, as pernas depiladas e fortes, cabelos macios e brilhantes, sorriso no rosto e sexo na cabeça.

Minhas manhãs são cheias de brisa e homens lindos sem camisa (só pra olhar), volto com o pão quentinho, as crianças me esperam ansiosas, faço o almoço para o meu amor e a noite espero que ele me recompense por tanto esforço bom, quase sempre acontece.

Tem sido legal perceber que as decepções profissionais são importantes e decisivas, são como degraus que sempre sobem,  nunca sei aonde vão, mas se vão pra cima, tudo bem.












segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Flowers

Voltei porque fiquei com saudade de mim
do riso e do choro, as meias verdades...
voltei porque a minha alma clama por expressão.

A rede não me apanha por hora.

Aqui se expressa o mais íntimo
o inacabado, o infinito.

Ainda sem muito foco,
quero a executiva, a mãe e a amante perfeita,
quero a filha ajuizada e a amiga louca, a irmã ausente que se pode confiar,
a nerd que passa em concursos e que ao final da jornada estudará medicina,
aquela que envelhece sem perder a beleza, a gostosa viciada em malhar, já que malhar é lícito.

Quero ser a profissional perfeita, não só a melhor, mas a mais legal e que pelo amor de Deus fique na empresa.

Nada de novo, só tudo de novo.





sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Vadia

Estava em um sonho muito louco, encontrou uns caras do trabalho antigo, pilotos, todos eles.
Voava n'um aviãozinho bem pequeno, tão pequeno que eles se divertiam entrando nas casas das pessoas, olhando pelas janelas, passando pelas salas e cozinhas, rindo muito e adorando. Era noite numa vila, um lugar de praia paradisíaco e cheio de festa, cheio de gringos também, todos na rua ouvindo música alta e bebendo. Depois de pousar e nem ver, estava bebendo com amigos e estranhos do jeito que foi dormir, calcinha e camiseta regata velha_ tudo bem, estava na praia.

Um cara chegou e gostou do que viu, perguntou_Você fuma um?_ ela levou um susto delicioso, estava naquela de promessas para 2014, mas afim de abrir uma exceção_Claro, você tem aí?!_ sonhos as vezes são foda e a gata que estava ao lado dele falou_ Não consegui com o cara não, vou ficar devendo.

Ok, vamos nessa. Curtindo a festa já meio altinha de birita, dançando parada no lugar no meio da multidão. Chegou um cara conhecido, não sabia nem de onde, mas já tinha dado uns beijos nele em outros sonhos com certeza. Ele chegou falando oi e ela adorou, já engatou no pescoço e deu-lhe um beijo na boca gostoso, ele apertou-lhe a bunda macia, desceu os dedos na umidade dela e falou pro cara do baseado perdido_ Cara, que vadia! Vou dar uma volta e você come pra mim até eu voltar, depois me devolve!

Ela queria mesmo beijar os dois, mas não gostou do que ouviu_ toco nos caras, saiu de perto pra beijar outro mais sutil.

Corta pro auditório lotado com pessoas aplaudindo de pé, aquela sensação de ser realmente muito boa no que faz, uma sensação enebriante.
A chefe estava na sala dizendo que ela foi a melhor que já tinha passado por lá e também a pior.

Pensou em Deus... ele colocou diversas situações no caminho, o DDA, o celular que não tocou, uma cancela fechada que ela teve que passar, a personalidade forte, tudo pra fazê-la desviar e chegar a outro ponto ainda mais alto, ainda melhor_ esperança.

Então era isso! Achou a resposta, Deus era o bode expiatório para tudo, quando errava era porque ele a fazia errar, quando acertava, era ele mostrando o caminho... descobriu o porquê da religião.

Acordou e viu o marido lindo, um amor e um medo gigante se apoderaram dela. Será que ele sabia que ela era uma vadia? Será que ele sabia que ela o traia nos sonhos? Será que ele se importava?
Imediatamente soube a resposta_Claro que não, todos traem nos sonhos, é liberado!

Relaxou.

Tentou voltar a dormir, queria estar novamente na festa e encontrar o gatinho que a chamou de vadia.



segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Hiperfoco

Ela estava digitando freneticamente, quando a chefe, a maldita chefe, passou a incumbência maluca:
_"Você terá que fazer a apresentação de cinco de nossos clientes que não irão ao congresso super importante em Brasília, montará as apresentações e as fará para um público seleto e exigente na casa de nosso maior cliente, aquele que mantém a nossa empresa."

Ela disse tudo isso, não com essas palavras exatas, mas era isso, falou por telefone mesmo, assim que ficou sabendo, o congresso seria em exatos três dias...

Então ela estava histérica e ansiosa, hiper concentrada no que seria uma de suas apresentações, e só quem já trabalhou com powerpoint sabe como este trabalho é minucioso.
Desde que ficou sabendo da empreitada vivia em hiperfoco, pra quem não sabe, é um tipo de foco que esta associado a pessoas com déficit de atenção, probleminha desagradável que ela sabia que tinha.
E então neste estado tudo passa a ser secundário, o importante é tão somente o objeto do foco.
Neste momento entra na sala a irritante e eficiente secretária da chefona:
_"Não vou comprar suas passagens e reservar o hotel para a sua viagem a Brasília, você terá que fazer isso, ok? Seu voo e hotel já estão escolhidos."
_"Ok." _ Responde ela rapidamente, e nos dias que se seguem digitando e estudando desesperadamente para dar conta do recado, esquece totalmente que passou por esses poucos segundos de informação vital.

No dia da tal viagem acorda de madrugada, mas não é cedo o suficiente, se desespera, tem que ir a uma reunião com uma cliente gringa antes de ir ao congresso, logo pela manhã. Não sabe o que houve, programou o celular direitinho, fez tudo certo como sempre e ele não tocou. Corre para o telefone, tenta contratar um taxi, não há taxi algum nas imediações aquela hora. Espera e espera, até que não aguenta mais, e mesmo tendo recebido ordens expressas de não utilizar o próprio carro para ir ao aeroporto e assim ter que deixá-lo em pernoite de mais de um dia no estacionamento caríssimo, vai.

É uma segunda-feira, mas não qualquer segunda-feira, é aquela em que o prefeito decretou que as pistas da direita das principais avenidas seriam agora exclusivas aos ônibus, ela que estava mergulhada no trabalho sem ler notícia alguma, não sabia.
Um trânsito monstro antes das seis horas da manhã... só podia ser loucura,  mas sim, era verdade e ela chegou ao aeroporto quando seu avião já taxiava.

Saiu correndo e comprou uma passagem com seu cartão de crédito, não sem ficar com muito medo de ter que pagar pela despesa enorme, além de perder o emprego.
Não conseguiu acompanhar a tal cliente gringa à reunião importante.

Suas apresentações seriam no dia seguinte, então ela assistiu a outras apresentações tentando tatear o terreno em que pisaria, e exausta pegou um táxi rumo ao hotel, o mesmo que sua chefe ficaria e já era uma velho conhecido da empresa.
Chegando lá mais uma surpresa, não havia reserva... como assim?!
Ligou pra Deus e o mundo, falou inclusive com a chefa da chefa, a grandona que morava em Miami, e depois de muita correria, conseguiu um quarto.
Estava pensando na secretária_ Será possível tanta incompetência?! _ esqueceu-se completamente daquele momento que vocês já sabem.

Já noite no quarto de hotel, tentava se concentrar em suas apresentações, procurava erros ortográficos, revisava tudo mil vezes e estudava. Foi quando recebeu mais um telefonema:

_"Um de nossos clientes perdeu a conexão, você terá que fazer a apresentação dele."_ disse a chefe.
_"O quê?!!"
_"É isso, monte esta apresentação agora!"

Correu até o computador como uma doida, o coração aos pulos e fez o que seria a sua sexta apresentação.
 Já tarde da noite a chefe liga novamente:
_"Preciso entregar dois contratos que serão discutidos com a presidência, providencie-os para amanhã as oito horas da manhã."

Acordou as cinco horas da manhã, tomou um banho e colocou a roupa que já estava preparada com capricho, porque ela era caprichosa, ao menos procurava ser. Tomou o café apressadamente e pegou mais um táxi rumo a sede governamental onde se daria o tal congresso muito importante.
Chegou tão cedo que só havia a equipe de limpeza preparando tudo. Montou o computador, procurou uma impressora, muniu-se de telefone e vontade.

A chefona americana chegou pontualmente as oito horas da manhã, sorriu amigavelmente ao vê-la trabalhando freneticamente no auditório. Ela sorriu rapidamente de volta e não parou, detestava interrupções quando trabalhava, e correndo para grampear os contratos, entregou-os dentro do prazo.

As apresentações correram bem, quando estava sobre o palco algo de muito mágico acontecia, dominava aquele ambiente e ficava segura_ coisa rara em sua personalidade vacilante_ as perguntas eram feitas e respondidas com simpatia e precisão, havia um buraco no palco onde antes devia existir uma tomada, e ela enfiou o salto umas duas vezes, cambaleando sem nem ao menos se importar ou olhar a plateia com timidez.
Ignorou sumariamente a presença de suas duas chefes que supervisionavam cada movimento, brincou nas apresentações, divertiu e informou seus ouvintes, e ao final de um dia inteiro de palestras foi aplaudida de pé.

Quando voltou para a sua cidade satisfeita e um pouco mais segura, recebeu uma advertência por escrito e nem ao menos um parco elogio, pelo contrário, haviam palavras injustas e duras naquele papel que teve que assinar, soube que o voo que perdera na realidade nunca havia sido reservado e que o erro fora de sua total responsabilidade, e mesmo ouvindo tudo aquilo, demorou muitas horas até se lembrar daqueles segundos fatais três dias atrás.

Revoltou-se e procurou controlar a explosão que estava surgindo, mas não conseguiu, após assinar a estúpida advertência, jogou-a a mesa da chefe que sentada olhava-a com superioridade e disse:
_"Isso não mudará nada!"_ e dizendo essas palavras saiu rapidamente para não chorar, deixando a chefe atônita.

A chefe nunca soube o real significado dessas palavras, ela sinceramente quis lhe dizer que erraria mais uma, duas, mil vezes, como sempre aconteceu, e que a assinatura de um papel, uma bronca ou coisa parecida, não eram capazes de doutrinar-lhe o cérebro arrogante, prepotente, genial e vacilante.

Após este episódio, deixou de ser olhada como uma promessa e passou a ser vista como um problema.
Problema este que eles eliminarão ainda esta semana.
Sem conseguir dormir ela chora e escreve, desabafa sobre o velho teclado conhecido, pois somente ele não é capaz de julgá-la a incompetente que ela sabe que não é.
E chorando frustrada, termina o texto sem querer terminar.