quarta-feira, 23 de maio de 2012

domingo, 20 de maio de 2012

Ficar com eles

É domingo, estou no trabalho novamente. Tive um final de semana ótimo junto com meu marido e filhos, mas sinto uma angústia enorme, não quero trabalhar. Estava vendo um filme, "A Troca". Não consegui ir até o final, filmes que falam de morte ou desaparecimento de filhos me apavoram, e agora tudo o que quero é voltar pra casa, pra perto dos meus, e nunca mais ter que sair de casa ou de perto deles.

Meus pais estão ficando velhos, tenho tido medo de ficar sozinha, parece que quando os pais morrem é assim que agente fica, sozinho. Quando tenho algum problema e estou neste trabalho de merda, é a minha mãe que cuida dos meus filhos pra mim, desta maneira consigo ficar tranquila, pois sei do amor imenso que ela nutre por eles. Quando tenho dificuldades maiores recorro ao meu pai, ele me ajuda muito, até mesmo quando eu não peço, me dá uma sensação de proteção que não sei viver sem ela, o papai é minha coluna vertebral.

Depois que tive filhos tive que me tornar uma mulher adulta, mas ultimamente me sinto como uma criança quando estou com medo por eles, ou com medo do futuro.
É um medo muito grande, uma coisa que aperta o meu peito, me deixa sem ar. Não consigo conversar sobre isso com o meu marido, sempre tão racional, não me da colo e nem sequer ouvidos.

Meu sonho era ter dinheiro o suficiente para lhes garantir a boa escola que tenho que pagar, seus cursos, suas roupas, passeios e tênis, tudo sem precisar sair para trabalhar. Tenho ficado mal com as noites perdidas no trabalho. Neste sábado foi minha folga, vivi aquela noite ao lado deles como se fosse uma dádiva, e eles agem da mesma forma. Ficam tentando se manter acordados para que dure mais o tempo que estamos juntos, estão inseguros e carentes, e não posso fazer muita coisa já que eu também estou, insegura por eles e carente deles.

Não estou aguentando mais, quero sair daqui, quero correr pra casa e nunca mais voltar, quero estar ao lado deles e pô-los para dormir todas as noites, contar uma bela história e ouvir seus sorrisos antes do ressonar.
Quero poder viver sem medo.

Nos falamos todas as noites antes que eles se deitem, ao telefone tudo parece normal, mas num domingo como este, está doendo muito pra mim.

domingo, 13 de maio de 2012

Um homem para chamar de amigo

Ele estava ficando no ponto, fazia elogios, falava em sutilezas, expunha sabedoria e cúltura, até que começou a falar sobre o seu tesão, neste momento ela ficou tensa, achava que com ele seria diferente, mas não.

Era maravilhoso ser bela, ter este poder sobre os homens, fazê-los felizes com sua presença e atenção, suscitar o desejo, a admiração, a curiosidade, mas ainda faltava uma certa distância, o reconhecimento da sua vontade, o respeito ao que ela havia escolhido como modo de vida.

A mente irrequieta, o corpo num fogo constante, a paixão pelos homens e sua forma de agir e pensar, isso fazia dela bastante atraente, mas o que os incendiava e os deixava mais audociosos e corajosos para se aproximar e se arriscar, era a profundidade dela,  larga, enorme e sem barreiras para segurá-los.

E assim ela os perdia, um a um.

Eles chegavam, a princípio apenas cavalheiros diante do interesse de uma bela mulher, e após iniciar um diálogo, logo se interessavam e dali a pouco tempo vinha o tesão, e quando o desejo chega ao corpo de um homem, ele deixa de ser amigo para se tornar um caçador, satisfazendo o falo duro que manda no corpo todo, inebriando a mente por completo. E quando já cansada de tentar afastá-los com delicadeza, ela os lembra da sua condição de esposa e mãe,  para eles é quase um incentivo, e de nada adianta. Ela então usa sua última cartada, aquela que os afasta definitivamente, fala do amor pelo homem escolhido, do quanto só consegue se entregar aos devaneios eróticos nas mãos deste único homem.

Com o território demarcado por um macho imponente na vida, mente e corpo daquela mulher, eles fogem frustrados e raivosos, a admiração dá lugar ao desprezo, a curiosidade vira desinteresse completo, e mais uma vez ela perde a chance de ter um amigo de verdade.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Mãe

Difícil escrever, só to passando por aqui pra não pensarem que eu desisti de tudo, é um bloqueio total, sem inspiração para escrever nada.

Em casa esta tudo bem, curtindo a maternidade e numa boa com o maridão amado. No trabalho, bom, nem vou falar muito pra não dar zica, mas as coisas se acalmaram agora, já ficou bem ruim, uma pressão absurda por uma competência que ainda estou aprendendo a ter, complicado, mas possível, vou dar conta sim, se Deus quiser.

Fazendo regime pra ficar fininha, e esquentando os tamborins pra voltar a malhar, ainda não tive coragem.

Meu marido me "sugerindo" estudar, minha mãe dizendo que até paga meu curso de inglês, e eu querendo ficar em casa com meus filhotes, não por socego, mas porque quem vai cuidar das lições de casa, dos dentes escovados, dos "dodóis" e etc?
Acho que se eu fosse uma daquelas mulheres ricas não teria babá, empregada pra me ajudar na limpeza e na comida, sim, com certeza, mas babá? Não, só quando quisesse ir para a balada, daí seria muito bem vinda.

Hoje a maior correria, fazendo almoço, ajudando meu filho na tarefa e a minha pequena me pede pra brincar com ela, com uma carinha que vocês não podem imaginar, daí larguei tudo por quinze minutos, e fui lá ajudá-la a por roupa nas bonecas, coisa que também adoro, ela ficou tão feliz que valeu a pena correr o triplo depois.

Descobri que minha chefe me ama, que ótimo, eu também a amo, ela é uma fofa, uma senhora uruguaia que fala comigo como se fosse minha vó, me defende nas reuniões, e estou trabalhando feliz ao lado dela, as pressões são grandes, mas ao menos o clima no trabalho esta muito bom, tenho dado muita risada com meus colegas que são em sua maioria gringos, e rimos muito das dificuldades com os idiomas português e espanhol, inglês então nem se fala! A coisa mais divertida é ter que falar com um chinês em inglês, ou com um indiano, praticamente voltamos a ser como crianças que estão aprendendo a falar, é divertido.

Feliz por estar chegando o dia das mães, parece bobagem, mas esta data vêm com uma carga emocional braba, além do mais, só se entende a mãe depois de sê-lo, por isso minha vontade é expressar toda a minha admiração e respeito por essa mulher que me ama tanto e cuida de mim até hoje.
Minha mãe não existe, quando eu estava grávida da minha filha, resolvi fazer um curso de corte e costura (não estava trabalhando no momento), daí ela mesma foi comprar todo o material necessário para o tal curso, quando peguei o caderno não acreditei, estava encapado com aquele plástico vermelho quadriculado do tempo da infância, etiqueta bonitinha com o meu nome escrito em uma linda letra de professora, a tesoura estava com o meu nome e os demais materiais também. Seria ridículo se eu não estivesse grávida pela segunda vez, já plena da emoção de ser mãe e cuidar de outro ser humano para o resto de minha vida, algo inenarrável. Após esta experiência, deixou de ser ridículo para ser lindo. É amor, puro e feroz.

Será por isso meu bloqueio?  Momento maternal, foco nos filhotes e ponto final.