sexta-feira, 29 de março de 2013

O sangue

Ela ficou menstruada, a coisa já não vinha muito bem, explosões constantes, nervos à flor da pele, um horror. Quando o sangue chegou, veio com espinhas no rosto e mais nervosismo, o corpo ficou inchado e dolorido, ela não entendia porque tanta agressividade da natureza, queria, precisava ficar em paz, ainda mais agora...  estava sem grana, tinha que ficar em casa, e para acalmar, só gastando dinheiro no shopping.
Dizem que ela é louca, mas ela sabe que não é verdade, se fosse louca gastaria, mas não gasta, ela segura a onda bem e não gasta nem um real, mesmo sendo um absurdo de difícil.
Vontade de comer, vontade de saciar a carência em restaurantes, em cinema, em viagens...
No segundo dia de sangue, o tesão chega junto com aquela coisa morna, mas ele vem num momento delicado, ela não esta atraente, ela agora esta "repelente", grita e ri histéricamente, ela pira.

Depois de fazer tudo errado, brigar com a síndica imbecil, descarregar no marido gentil, e negligenciar o sentimento de posse dos filhos, ela chega em casa quando todos dormem, inclusive ele. Senta ao computador com aquela coisa piscando... mas falou tanta merda, ficou tão nervosa...
Não aguenta, ela quer pagar pra ver.  Vai lá acordá-lo com carícias e vontade, já tomou um banho gostoso, já fez o que podia pra tirar os vestígios da selvageria toda, daquela humanidade tão visceral. Afinal, ele é muito mais animal que ela, ele é um macho. Ah, graças a Deus, ele é um macho! Testosterona é a droga da vez, é só o que a acalma e a faz dormir.
Ela tem sorte e ele nem reclama, pergunta onde esteve, ela lhe diz tudo, sempre fala tudo e ele adora isso. Ele dá um abraço quentinho de quem estava apenas esperando a tempestade passar,  ela suspira de alívio, se abre como um gato manhoso olhando pra ele com um roteiro mais do que morno nos olhos febris, ele se incendeia... e ela então acha a sua cura. 



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