quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Drive-in


ela pisca pra escrever zuado

e o que ela quer sempre é dar pro namorado

ela nem liga pras regras gramaticais, o teclado vai suave, vai discreto, vai molhado

tem raiva do ponto final, ela quer doidera, quer que entendam, quer carnaval

música boa, cerveja gelada e o banco de trás bem macio

ela quer se preocupar com o carro ao lado, com o câmbio engatado, com o vidro embaçado

quer descer nua porque ficou muito quente e tudo suado

quer a cortina fechada e o drive-in lotado

quer deslizar as mãos no capô, encostar a barriga na lata fria e empinar a bunda

quer ele chegando gostoso sem acreditar

aquela cena de filme, aquele lugar nada a ver

o medo de abrir a cortina e todo mundo saber

da foda tão boa, mas tão boa, que vão ficar parados sem acreditar

e vão sair dos carros aos poucos e vai todo mundo olhar

aquela gata gostosa, pernas abertas dando ao luar

porque canto gostoso mesmo não pode tapar

a lua que olha e ilumina o que o lugar inteiro veio olhar

e então ela nota num susto que ta todo mundo ali

feliz por estar tudo escuro e não descobrir

a cara safada que esconde um meio sorriso

quando ela se inclina pra baixo ele enfia melhor e bem fundo

percebe que vai gozar diante do mundo

gemendo bem alto porque tá gostoso demais

foder com plateia como os animais.











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